sexta-feira, 17 de junho de 2011

Marcha da Liberdade...

Esta semana a discussão paralela, na UFSCar e Unicamp, foi sobre o "direito a liberdade". Liberdade de expressar nossas vontades, nossas razões, nossos pensamentos... Liberdade para decidir a vida e ser respeitado em nossas escolhas...
A Liberdade que nos é dada é na forma mais "aparente". Parece que escolhemos nossos governantes, mas tudo é muito maquiado e planejado, acordado na cúpula da elite política, e com eles trabalham partidos, a mídia, e sujeitos locais que manipulam, compram e induzem o voto e as escolhas de políticos em diversos graus..Parece que temos o direito de falar, de fazer greve, de se opor, mas isso é colocado a prova quando a polícia agride, prende e bate em estudantes (como aconteceu no Chile e no Brasil em diversas ocasiões), em trabalhadores (como caso dos bombeiros no Rio), oprimindo o cidadão no simples direito de expressão, sem contar seu direito de luta enquanto sujeito principal das relações sociais (se é que existe direito para o povo numa sociedade capitalista). Prometem-nos segurança, mas temos que gradear, cercar, murar, filmar nossas casas, pois mais vale estarmos presos no lar, do que se arriscar na rua..
Cadê a Liberdade?????
O Art. 5º da Constituição Federal (CF) que trata dos direitos individuais e coletivos é claro: "Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade”. Para isso, é colocado 78 incisos, dirimindo todas as possibilidades dos cidadãos, entre elas a liberdade, a qual destaca-se:
IV - é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato;
VI - é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas liturgias;
IX - é livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, independentemente de censura ou licença.

Na Constituição a palavra “liberdade” aparece por 17 vezes e a palavra “livre” aparece em 28 vezes. Tudo para tratar, de alguma forma, o quanto o cidadão é livre e tem o direito de gozar da liberdade. Direito este, comumente violado, e naturalmente tolerado por nós brasileiros que temos uma enorme capacidade de se conformar.
Aliado a esta discussão entra em cena a “Marcha da Liberdade”, que surgiu aqui em SP, logo após a repressão contra a Marcha da Maconha, que logo quem vê pensa que é um bando de maconheiro que estão ali querendo seu direito de ser um viciado, pode até ser, mas além disso têm muitas pessoas instruídas que sabem que um viciado não deixaria de ser viciado porque é legal ou não, mas que pelo menos não aumentaria o dinheiro do crime organizado e da grande máfia, que banca muitos políticos, assim como, teriam empresas e assistência direcionada a estas pessoas, temos que discutir sobre isso e verificar as possibilidades, se é benéfico ou não, ainda é pouco discutido com a população... Agora reprimir, banir, como se fosse algo que não existe? Um problema a margem da sociedade... isso é um absurdo!
Pois é, logo depois esse povo se organizou a chamou todos que lutam por alguma coisa a marchar pela liberdade de ter direito, não mais por uma causa específica (a preservação da floresta, contra homofobia, a legalização de algum direito, etc.), mas por uma causa comum... A LIBERDADE DE EXPRESSÃO e de ser cidadão e de ser atendido em assuntos urgentes!
Termino com a fala de um colunista da macha, bem interessante e com muito sentimento ele declara no site:
Não somos uma organização. Não somos um partido. Não somos virtuais. Somos uma rede. Somos REAIS. Conectados, abertos, interdependentes, transversais, digitais e de carne e osso. Não temos cartilhas. Não temos armas, nem ódio. Não respondemos à autoridade. Respondemos aos nossos sonhos, nossas consciências e corações. Temos poucas certezas. E uma crença: de que a liberdade é uma obra em eterna construção. E que a liberdade de expressão é o chão onde todas as outras liberdades serão erguidas: De credo, de assembléia, de amor, de posições políticas, de orientações sexuais, de cognição, de ir e vire de resistir. (grifos meus)
(ver: http://www.marchadaliberdade.org/sobre/).

Iniciar um processo de organização contra o sistema é o primeiro passo para pensar uma nova sociedade! Amanhã, 18 de junho, acontecerá a Marcha em mais de 30 cidades brasileiras, vamos Participar!

sexta-feira, 3 de junho de 2011

Polêmica sobre o livro "Por uma vida melhor"

Por estes dias o livro "Por uma vida melhor" lançado pelo Ministério da Educação, foi alvo de diversas críticas por conta da valorização da linguagem popular, que "fere" a norma culta da língua portuguesa... não sou especialista no assunto, nem posso dar opinião infundada, mas posso dizer que é preciso ter cuidado com essas críticas massificadas pela mídia, que padronizam os valores (ditando modas, vocabulários, aparência, etc.) e por vezes distorcem a realidade, sem saber de fato a intencionalidade e os fundamentos de atitudes como esta. Para isso, transcrevo abaixo a ‘nota pública’ conjunta de importantes associações científicas do Brasil, que agregam profundos conhecedores de causa e pesquisadores das diversas áreas e temas da educação. Abraços. Lu

NOTA PÚBLICA A Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Educação (ANPEd); a Associação Nacional de Política e Administração da Educação (ANPAE); a Associação Nacional pela Formação dos Profissionais da Educação (ANFOPE), o Centro de Estudos Educação e Sociedade (CEDES) e a Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE) vêm a público manifestarem-se sobre a polêmica instaurada pela imprensa sobre a adoção do livro "Por uma vida melhor", de autoria de Heloisa Ramos, pelo Ministério da Educação. Consideraram que as críticas que vêm sendo difundidas pelos meios de comunicação são infundadas, além de contribuírem para o preconceito e a discriminação social. Diante disso, as referidas entidades assumem o depoimento da pesquisadora Marlene Carvalho, como expressão de sua posição crítica.
Excerto do Livro "Por uma Vida Melhor"
Brasília, 27 de maio de 2011.

A fala dos pobres: muito barulho por nada
Trabalho há mais de 20 anos com formação inicial e continuada de professores do ensino fundamental e tenho procurado discutir com eles sobre a legitimidade dos falares populares, a necessidade de reconhecer que a língua dos pobres tem regras próprias, expressividade e economia de recursos. Não é prestigiada socialmente, não tem valor no mercado de empregos de colarinho branco, não é admitida na Academia, mas, do ponto de vista linguístico, é tão boa quanto o dialeto chamado padrão. A diferença maior é que os falantes do dialeto padrão têm o poder político, social e econômico que falta aos pobres. Não cabe à escola ignorar, ou censurar as variantes populares, mas sim respeitar a fala dos alunos e, ao mesmo tempo, ensinar a todos a empregar também a norma culta em ocasiões sociais que exigem um registro formal da língua e, principalmente, como usá-la na escrita. Sobre isso é que interessa discutir agora, e não dar continuidade a esta polêmica estéril sobre um livro destinado a jovens e adultos que reconhece a existência e a legitimidade de formas verbais típicas dos dialetos populares. As pessoas que criticaram o livro em questão – que provavelmente não leram - devem ler o capítulo "Escrever é diferente de falar", para constatar que a autora assume uma posição equilibrada e academicamente justificada em relação às variações dialetais. Além disso, o capítulo contém numerosos exercícios de concordância nominal e verbal e pontuação, rigorosamente de acordo com a gramática da norma culta. Uma ou duas frases, fora do contexto do capítulo, estão sendo utilizadas para condenar um livro e a posição da autora em favor da língua dos pobres.


Marlene Carvalho, professora aposentada da Universidade Católica de Petrópolis (UCP) e pesquisadora do Laboratório de Estudos de Linguagem, Leitura, Escrita e Educação (LEDUC) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).