segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Minicurso: "Marx Inédito" - online

O Programa de Pós-Graduação em Serviço Social da PUC/SP, promove nos  dias: 16, 17 e 18/10 o   Minicurso: "Marx Inédito" com transmissão online, no horário das 14 às 17 horas.

Ministrado pelo Prof. Dr. Michael Löwy - Filho de imigrantes judeus de Viena (Áustria), nasce em 6 de maio de 1938, em São Paulo, cidade em que passou sua infância e adolescência. Em 1960, formou-se em Ciências Sociais pela Universidade de São Paulo, e no ano seguinte partiu para a França, onde estudou sob a orientação de Lucien Goldmann, concluindo o Doutorado em 1964, com uma tese sobre a Revolução comunista na obra do jovem Marx. Após alguns anos vivendo em Israel, Löwy retornou à França em 1969, passando a trabalhar na Université de Paris VIII como assistente de Nicos Poulantzas. Em 1976, obteve o doctorat d’État com uma tese sobre a evolução política do jovem Lukács.
Em 1978, tornou-se professor de Sociologia no Centre National de la Recherche Scientifique (Paris) e depois diretor de pesquisas da mesma instituição, até os dias atuais. É, portanto, um relevante estudioso do marxismo, com pesquisas sobre as obras de Karl Marx, Leon Trótski, Rosa Luxemburgo, Georg Lukács, Lucien Goldmann e Walter Benjamin.

O link para o site da transmissão é: http://www.pucsp.br/aovivo


 
Segue folder:
 Fonte: PUC/SP; Wikipédia.

domingo, 14 de outubro de 2012

PARA ENTENDER O JULGAMENTO DO “MENSALÃO"


Ao se encerrar o processo penal de maior repercussão pública dos últimos anos, é preciso dele tirar as necessárias conclusões ético-políticas.
Comecemos por focalizar aquilo que representa o nervo central da vida humana em sociedade, ou seja, o poder.
No Brasil, a esfera do poder sempre se apresentou dividida em dois níveis, um oficial e outro não-oficial, sendo o último encoberto pelo primeiro.
O nível oficial de poder aparece com destaque, e é exibido a todos como prova de nosso avanço político.
A Constituição, por exemplo, declara solenemente que todo poder emana do povo.
Quem meditar, porém, nem que seja um instante, sobre a realidade brasileira, percebe claramente que o povo é, e sempre foi, mero figurante no teatro político.
Ainda no escalão oficial, e com grande visibilidade, atuam os órgãos clássicos do Estado: o Executivo, o Legislativo, o Judiciário e outros órgãos auxiliares.
Finalmente, completando esse nível oficial de poder e com a mesma visibilidade, há o conjunto de todos aqueles que militam nos partidos políticos.
Para a opinião pública e os observadores menos atentos, todo o poder político concentra-se aí.
É preciso uma boa acuidade visual para enxergar, por trás dessa fachada brilhante, um segundo nível de poder, que na realidade quase sempre suplanta o primeiro.
É o grupo formado pelo grande empresariado: financeiro, industrial, comercial, de serviços e do agronegócio.
No exercício desse poder dominante (embora sempre oculto), o grande empresariado conta com alguns aliados históricos, como a corporação militar e a classe média superior.
Esta, aliás, tem cada vez mais sua visão de mundo moldada pela televisão, o rádio e a grande imprensa, os quais estão, desde há muito, sob o controle de um oligopólio empresarial.
Ora, a opinião – autêntica ou fabricada – da classe média conservadora sempre influenciou poderosamente a mentalidade da grande maioria dos membros do nosso Poder Judiciário.
Tentemos, agora, compreender o rumoroso caso do “mensalão”.
Ele nasceu, alimentou-se e chegou ao auge exclusivamente no nível do poder político oficial.
A maioria absoluta dos réus integrava o mesmo partido político; por sinal, aquele que está no poder federal há quase dez anos.
Esse partido surgiu, e permaneceu durante alguns poucos anos, como uma agremiação política de defesa dos trabalhadores contra o empresariado.
Depois, em grande parte por iniciativa e sob a direção de José Dirceu, foi aos poucos procurando amancebar-se com os homens de negócio.
Os grandes empresários permaneceram aparentemente alheios ao debate do “mensalão”, embora fazendo força nos bastidores para uma condenação exemplar de todos os acusados.
Essa manobra tática, como em tantas outras ocasiões, teve por objetivo desviar a atenção geral sobre a Grande Corrupção da máquina estatal, por eles, empresários, mantida constantemente em atividade (...)
Quanto à classe média conservadora, cujas opiniões influenciam grandemente os magistrados, não foi preciso grande esforço dos meios de comunicação de massa para nela suscitar a fúria punitiva dos políticos corruptos, e para saudar o relator do processo do “mensalão” como herói nacional.
É que os integrantes dessa classe, muito embora nem sempre procedam de modo honesto em suas relações com as autoridades – bastando citar a compra de facilidades na obtenção de licenças de toda sorte, com ou sem despachante; ou a não-declaração de rendimentos ao Fisco –, sempre esteve convencida de que a desonestidade pecuniária dos políticos é muito pior para o povo do que a exploração empresarial dos trabalhadores e dos consumidores.
E o Judiciário nisso tudo?
Sabe-se, tradicionalmente, que nesta terra somente são condenados os 3 Ps: pretos, pobres e prostitutas.
Agora, ao que parece, estas últimas (sobretudo na high society) passaram a ser substituídas pelos políticos, de modo a conservar o mesmo sistema de letra inicial.
Pouco se indaga, porém, sobre a razão pela qual um “mensalão” anterior ao do PT, e que serviu de inspiração para este, orquestrado em outro partido político (por coincidência, seu atual opositor ferrenho), ainda não tenha sido julgado, nem parece que irá sê-lo às vésperas das próximas eleições.
Da mesma forma, não causou comoção, à época, o fato de que o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso tivesse sido publicamente acusado de haver comprado a aprovação da sua reeleição no Congresso por emenda constitucional, e a digna Procuradoria-Geral da República permanecesse muda e queda.
Tampouco houve o menor esboço de revolta popular diante da criminosa façanha de privatização de empresas estatais, sob a presidência de Fernando Henrique Cardoso.
As poucas ações intentadas contra esse gravíssimo atentado ao patrimônio nacional, em particular a ação popular visando a anular a venda da Vale do Rio Doce na bacia das almas, jamais chegaram a ser julgadas definitivamente pelo Poder Judiciário.
Mas aí vem a pergunta indiscreta: – E os grandes empresários? Bem, estes parecem merecer especial desvelo por parte dos magistrados.
Ainda recentemente, a condenação em primeira instância por vários crimes econômicos de um desses privilegiados, provocou o imediato afastamento do Chefe da Polícia Federal, e a concessão de habeas-corpus diretamente pelo presidente do Supremo Tribunal, saltando por cima de todas as instâncias intermediárias.
Estranho também, para dizer o mínimo, o caso do ex-presidente Fernando Collor.
Seu impeachment foi decidido por “atentado à dignidade do cargo” (entenda-se, a organização de uma empresa de corrupção pelo seu fac-totum, Paulo Cezar Farias).
Alguns “contribuintes” para a caixinha presidencial, entrevistados na televisão, declararam candidamente terem sido constrangidos a pagar, para obter decisões governamentais que estimavam lícitas, em seu favor.
E o Supremo Tribunal Federal, aí sim, chamado a decidir, não vislumbrou crime algum no episódio.
Vou mais além.
Alguns Ministros do Supremo Tribunal Federal, ao votarem no processo do “mensalão”, declararam que os crimes aí denunciados eram “gravíssimos”.
Ora, os mesmos Ministros que assim se pronunciaram, chamados a votar no processo da lei de anistia, não consideraram como dotados da mesma gravidade os crimes de terrorismo praticados pelos agentes da repressão, durante o regime empresarial-militar: a saber, a sistemática tortura de presos políticos, muitas vezes até à morte, ou a execução sumária de opositores ao regime, com o esquartejamento e a ocultação dos cadáveres.
Com efeito, ao julgar em abril de 2010 a ação intentada pelo Conselho Federal da OAB, para que fosse reinterpretada, à luz da nova Constituição e do sistema internacional de direitos humanos, a lei de anistia de 1979, o mesmo Supremo Tribunal, por ampla maioria, decidiu que fora válido aquele apagamento dos crimes de terrorismo de Estado, estabelecido como condição para que a corporação militar abrisse mão do poder supremo.
O severíssimo relator do “mensalão”, alegando doença, não compareceu às duas sessões de julgamento.
Pois bem, foi preciso, para vergonha nossa, que alguns meses depois a Corte Interamericana de Direitos Humanos reabrisse a discussão sobre a matéria, e julgasse insustentável essa decisão do nosso mais alto tribunal.
Na verdade, o que poucos entendem – mesmo no meio jurídico – é que o julgamento de casos com importante componente político ou religioso não se faz por meio do puro silogismo jurídico tradicional: a interpretação das normas jurídicas pertinentes ao caso, como premissa maior; o exame dos fatos, como premissa menor, seguindo logicamente a conclusão.
O procedimento mental costuma ser bem outro.
De imediato, em casos que tais, salvo raras e honrosas exceções, os juízes fazem interiormente um pré-julgamento, em função de sua mentalidade própria ou visão de mundo; vale dizer, de suas preferências valorativas, crenças, opiniões, ou até mesmo preconceitos.
É só num segundo momento, por razões de protocolo, que entra em jogo o raciocínio jurídico-formal.
E aí, quando se trata de um colegiado julgador, a discussão do caso pelos seus integrantes costuma assumir toda a confusão de um diálogo de surdos.
Foi o que sucedeu no julgamento do “mensalão”.

sexta-feira, 12 de outubro de 2012

REALIDADE - Os professores são formados pela EaD

Quase metade das matrículas de Pedagogia são em cursos a distância no
Brasil. De acordo com o Censo da Educação Superior do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) de 2010 – o mais
recente disponível –, 47,87% dos estudantes cursam a graduação não presencial para se tornarem professores.

Mais de 273 mil alunos estão matriculados em cursos a distância, sendo
apenas 12,29% deles em instituições públicas.

Para entender a modalidade de ensino e traçar um perfil dos alunos desses
cursos, a Fundação Victor Civita (FCV) desenvolveu, em parceria com Maria
Elizabeth de Almeida, professora da Pontifícia Universidade Católica de São
Paulo (PUC-SP), o estudo “Educação à Distância: Oferta, Características e
Tendências dos Cursos de Licenciatura em Pedagogia”.

O levantamento foi feito entre 2011 e 2012, por meio de uma pesquisa em oito
instituições, sendo cinco públicas e três privadas, e com base em dados
oficiais do Ministério da Educação (MEC). Todas se localizam em cinco
cidades representativas das regiões brasileiras: Manaus (AM), Recife (PE),
Goiânia (GO), São Paulo (SP) e Porto Alegre (RS).

Angela Dannemann, diretora-executiva da FCV, lembra que a crescente busca
pela modalidade foi estimulada por políticas governamentais. “Houve um
incentivo muito grande para que surgissem cursos de EAD no Brasil. Além da
Universidade Aberta (do Brasil, UAB), que foi um programa do governo federal
que abriu vagas de Educação a distância nas faculdades e universidades
federais e estaduais, estimulou-se que a iniciativa privada criasse também
esse tipo de curso”, afirma.

Para ela, o aumento do acesso do docente a diversos cursos de EAD permitiu
que muitos profissionais sem diploma conquistassem o seu.

Perfil do aluno
Segundo o estudo realizado pela FCV, 67% dos alunos que cursam Pedagogia a
distância já trabalham na área da Educação e 44% pensavam que o curso seria
mais fácil.

Maria Elizabeth de Almeida, docente da PUC-SP e responsável pela coordenação
geral do estudo, acredita que o alto índice de estudantes que já atuam na
área é reflexo da Lei de Diretrizes e Bases (LDB) e que a má impressão de
que os cursos em EAD são menos difíceis é uma questão inerente a essa
modalidade de ensino.

“Para fazer um curso em EAD, você está muito mais provocado a trabalhar com
a leitura e com a escrita do que um curso presencial, onde as relações se
fazem por meio da oralidade. Então, quando você vai para um curso a
distância, há um esforço maior do aluno para os materiais de apoio”,
declara.

Outro aspecto apontado pelos estudantes de Pedagogia em EAD é a falta de
flexibilização do tempo para o cumprimento da entrega de atividades. “Isso
torna o curso mais difícil, porque há muitos trabalhos para o aluno fazer e
a maioria deles trabalha”, afirma a professora da PUC.

Dificuldades
Para os especialistas, alguns dos problemas enfrentados por essa modalidade
de ensino são os mesmos dos cursos presenciais.

“O maior desafio, especificamente em Pedagogia a distância, é que
lamentavelmente o curso reproduz os mesmos problemas do curso presencial”,
analisa Angela Dannemann. “Ele é muito teórico, não aborda as dificuldades
práticas de sala de aula e na realidade está buscando formar muito mais um
futuro universitário pesquisador do que um professor aplicado na rede
escolar da Educação Básica”.

Klaus Schlünzen Júnior, professor e idealizador do Núcleo de Educação a
Distância da Universidade Estadual Paulista (Unesp), concorda e analisa que
existem hoje cursos de Pedagogia em EAD com qualidade superior a dos
presenciais. “Você consegue ter bons cursos de EAD com um projeto pedagógico
bem feito, articulando teoria e prática e desenvolvendo o processo de
interação entre professores e alunos”, afirma.

Elisa Tomoe Moriya, professora doutora em Educação pela Unesp e coordenadora
do programa Redefor, defende uma melhor formação para os formadores que
trabalham nessa modalidade de ensino. “O professor-tutor também tem que ser
bem formado e orientado”, afirma. “O tutor é a ponte entre o cursista e o
saber”.

Tecnologias
A noção de que as Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs) ainda são
mal incorporadas nas instituições de ensino a distância também aparece no
estudo.

“Se as novas tecnologias são instrumentos para a midiatização do curso a
distância, o próprio curso tem que prover condições para os alunos
desenvolverem competências tecnológicas, ou seja, a inclusão digital deste
aluno tem que ser garantida pelo próprio curso, caso contrário você deixa de
fora talvez aqueles que mais precisariam dele”, afirma Maria Elizabeth de
Almeida.

Ela acredita ainda que as tecnologias, sobretudo o computador e a internet,
trazem possiblidades de se superar o isolamento aluno-professor.

Já o professor Klaus Schlünzen Júnior acrescenta que a produção de materiais
para a Educação a distância requer uma maior integração com as tecnologias.
“No momento em que eu desenvolvo um material pedagógico onde eu tenho
videoaulas, videoconferências e fóruns, ele tem que estar todo articulado
com o ambiente virtual de aprendizagem”, afirma.

Autor: Dalner Palomo/Unesp (HISTEDBR/02.10.2012)

FONTE: Último Censo do Inep; estudo da Fundação Victor Civita traçou perfil dos alunos

segunda-feira, 8 de outubro de 2012

ELEIÇÕES REPETIDAS

Olá pessoal.. depois de algum tempo em "stand by" do blog, para estudos... estou de volta!!!

Nesta data nosso assunto não poderia ser outro: as eleições 2012.


As eleições como ato cívico é a prova material de nossa influência nas decisões do Estado, pois somos elementos integrantes deste, e todos os que elegemos terão a autoridade jurídica e política de decidir por nós por um longo período, eles nos representam!

Todavia, a cada eleição percebemos que nossa representação está cada vez mais repetida, são as mesmas “caras” ou parentes delas. As coligações partidárias fazem dos partidos com ideologias contrárias serem “cumadres”, são poucos que mantém a dignidade e coerência com a identidade partidária (a razão de existir do partido). Penso que a política brasileira está tão cheia de pessoas desinformadas, desqualificadas, desonestas, desocupadas, despreocupadas com a população, que o povo não acredita mais em nada e vai votando no primeiro da fila. Mas gente, com esse tanto de "des" não sei onde foi parar nossa capacidade de desqualificar sujeitos que tornaram a vida política sua PROFISSÃO, quando deveria ser um ATO POLÍTICO e REPRESENTATIVO das necessidades da população! Duvido que se não houvesse altos salários, aposentadoria garantida, recursos extras, cargos comissionados e muito mais, seria dessa forma.
 
Historicamente no Brasil são renovadas a cada eleição no máximo 30% das cadeiras públicas (seja na Câmara, na Assembleia, Congresso e Senado), isso prova que quem entra não necessariamente é a melhor opção, mas os candidatos da casa, com articulação política, e ainda, os detentores de recursos (dinheiro, mídia, cestas básicas, etc.). Estes sim, continuam encabeçando as fileiras numerosas dos candidatos nos resultados eleitorais. Parece que o voto perdeu sua razão de ser.

Um exemplo disso foi a Eleição no interior do Estado do Pará, Capanema - minha cidade natal, a atual conjuntura de vereadores pouco trabalhou nos últimos quatro anos, em 2012 mais se tratou de desavenças, pancadarias e CPIs mal resolvidas do que diálogos e trabalho em prol da população. Recentemente foi divulgado outro vídeo (ver) que demonstrava a negociação de propinas entre a maioria dos vereadores/candidatos a reeleição. Mesmo assim, observa-se no resultado de ontem que parte dos envolvidos continuam mais quatro anos! Caso que não causa espanto, pois essa configuração se repetiu em muitos outros municípios de norte ao sul do país. 

É a reprodução do atraso e a naturalização da desordem! Onde vamos parar hein??

Luciana Ferreira (08.10.2012)