sexta-feira, 30 de setembro de 2011

ANPED e alguns Lançamentos...

Nos dias 2 a 5 de Outubro ocorre em Natal/RN (após 18 anos só na região sudeste), a 34º reunião da Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Educação (ANPEd), a qual reuni "pesquisadores e pesquisadoras em Educação, docentes e discentes dos 108 Programas de Pós-Graduação em Educação deste país, além de convidados especiais que, com suas experiências e reflexões, deverão enriquecer o debate educacional. São eles pesquisadores estrangeiros de distintos países, tanto da América Latina (Argentina, Chile, Colômbia, Peru, Guatemala, Nicarágua) quanto dos Estados Unidos e Europa (França, Inglaterra e Portugal), além de pesquisadores que se dedicam a outras áreas do conhecimento" (site da ANPED). É um momento ímpar para interagir, debater e aprender muito nos 23 grupos de trabalhos em diversas áreas de atuação e pesquisa no âmbito político-educacional.


Terei a grata satisfação de fazer parte de três obras que serão lançadas no evento. Compartilho com vocês o resultado de meu trabalho e esforço de fazer o que tanto amo em coautorias com pessoas que admiro e respeito...

O primeiro artigo está no livro "Políticas de expansão da educação superior no Brasil: democratização às avessas" (Ed.Xamã) é resultado de minha pesquisa de mestrado, a qual investigou o papel das fundações de apoio privadas nas universidades públicas federais, no âmbito dos conflitos e contradições dessa relação com o fundo público

 
O segundo trabalho compõe o livro "Políticas de Financiamento e acesso da Educação Superior no Brasil e em Portugal", organizado pela Prof. Vera Jacob e Prof. Belmiro Cabrito da Universidade de Lisboa (Ed. Educa/Lisboa), em coautoria com meu atual orientador, trata do aprofundamento teórico da história recente do Brasil, e da educação brasileira em particular, no contexto de continuidades, descontinuidades ou rupturas decorrentes das mudanças na economia, na estrutura do aparelho de Estado, na sociedade civil, nas instituições públicas e na constituição da sociabilidade do indivíduo.

  O terceiro artigo aprovado para publicação na Revista "Educação e Sociedade", n.116, com o título: "As relações entre ensino Médio e a Educação Superior no Brasil: profissionalização e privatização", analisa as relações entre o ensino médio e a educação superior no Brasil, tomando como referência as especificidades do capitalismo brasileiro manifesto, entre outros fatores, nas disparidades entre o norte e o sul do país, propiciando-nos base para uma análise crítica do processo em curso. As relações entre o ensino médio e o nível superior e a rígida divisão entre ensino propedêutico e profissional fundamentaram o desenvolvimento de um conceito de profissionalização composto pela crítica à homogeneização da força de trabalho em atendimento aos interesses do mercado.
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Abraços a todos e um mês abênçoado mês..




O tempo livre pode ser usado segundo o critério de cada um. Embora certas maneiras de dividir as atividades possam surgir em consequencia de escolhas feitas livremente, essa divisão não é mais uma intuição [somos influênciados/direcionados pelo sistema]. 
(Adam Przeworski, 1989)



quarta-feira, 14 de setembro de 2011

O que é o amor?


Acho que todo mundo passa por algum momento na vida que se pergunta... O que é o amor afinal?

Desde a infância enquanto nos constituímos sujeitos, interagindo com a sociedade (família, amigos, instituições em geral), nos foi apregoado sobre o amor.
O amor como algo tão significativo e impulsionador da vida que desde cedo é considerado nobre...
Nobre pelo amor perfeito de Deus pelos filhos ‘pecadores’;
Nobre pelo amor fraterno de filho... de pai, de mãe, ou mesmo da família (pelo menos a maioria);

Nobre pela perspectiva de encontrar alguém na vida para amar, como algo traçado para os ‘eleitos’, dignos e sortudos, será que existe uma "cara metade tão perfeita que é quase impossível de encontrar?”. Isto acontece porque nos é colocado pela mídia, pelos livros etc.. a forma mais ilusória e alienante do amor, desde os  desenhos infantis, histórias encantadas, filmes com finais felizes, a luta entre o bem o mal, um antagonismo humano ocupado por alguém que nos completa por inteiro. 

É na verdade uma busca por um amor perfeito, ai está a grande contradição!! Como seres imperfeitos iriam encontrar amores perfeitos? Somente no mundo das idéias - a reminiscência platônica, algo que culturalmente influenciado (criado) e colocado como possível de acontecer, como se isto fizesse parte do cotidiano no passado da humanidade (não é bem assim, cada cultura tem uma forma de conceber a vida e os sentimentos). Posso está sendo um tanto dramática ou realista...Mas se formos avaliar as condutas que temos nas relações sociais e afetivas, muitas são reproduções de um conceito de amor temporário e individual

Isto porque, a sociedade capitalista transformou no decorrer da história os sentimentos humanos na potência da promiscuidade, com preço, com data, com tipo, com moda, nas condição de uma classe... Ou seja, transformou o amor em palavras vazias, sem identidade, momentâneo e passageiro. Naturalizando-se de tal modo que a individualidade das relações de negócio e de mercado veio parar nas relações afetivas, nos casamentos, assumindo não só socialmente, mas juridicamente um contrato sem data e com preço... 

O que antes era feito pela realeza, pela nobreza, e depois pelos burgueses com intuito de não perder a riqueza, hoje não tem classe, porque não se trata mais do material, mas do cultural, do que é meu e o que é seu, do que eu tinha e você não, do que eu posso ou não dividir... Porque “tudo” é por um tempo.. é efêmero.. Desta forma, o amor se torna uma  ilusão, doce e amarga, temporária e marcante, dolorida ao final, cujo amor clamado como verdadeiro pode pertencer a outrem a qualquer momento. Assim é fácil questionar: que amor é esse? Por que penso que sinto e depois não sinto nada? Porque foi apenas a vontade de amar alguém que existia em nossas vontades, ou paixões desenfreadas? Construímos os sujeitos amados mais perfeitos do que eles o são... Por isso há ilusão.

Todavia, gostaria de falar de um amor possível e vivencial, pensado e sentido em sua forma mais verdadeira e imperfeita. É claro que amar e ser amado é maravilho! Mas o amor é algo tão sublime e ao mesmo tempo tão simples, que o ato mais perfeito de saber amar é saber se doar, é saber perdoar, é saber reconhecer a felicidade nas dificuldades, é saber que o final feliz é o dia que acabou tranqüilo, é um abraço apertado, é um colo na hora da doença, ou da tristeza, é compartilhar a vida! Não há felicidade sem amor, como também não há amor sem reconhecer a felicidade que outro me nos dá apenas com sua existência.

 E quando nesta vida, encontramos alguém que nos faz sentir como realmente somos, e nos ajuda a crescer e sentimos tanta a sua falta, cujas as palavras nem sempre são ditas, mas as atitudes demonstram a mais sincera vontade de nos ver felizes. Quando o outro compartilha vida,  pensando no hoje e no sempre, podemos reconhecer algo do amor... e dizer sem medo que amamos, pois talvez amanha não teremos esta oportunidade.

Por isso, o amor é eterno porque ele vai conosco para qualquer lugar, nesta vida ou em outra...


terça-feira, 6 de setembro de 2011

Independência ou Morte!




No dia 7 de setembro, comemora-se no Brasil o dia da Independência (Independence Day), lembro-me dos dias na infância que íamos alegres desfilar nas ruas da cidade comemorando a “independência”, levantando a bandeira e marchando, sem mesmo saber o que isso realmente significara.. Adorava ouvir a banda, e ver os soldados na rua..era muito emocionante. Hoje estas saudosas lembranças me fazem pensar na contradição da história, especialmente em dois aspectos: 
1º. Existe uma ilusão histórica sobre a independência, não generalizada, mas parece que o orgulho patriótico se resumiu a uma festa a fantasia e a alegria, especialmente das crianças, de desfilar na rua com os amigos da escola, ou um dos poucos momentos que observamos a força militar brasileira nas ruas.. Uma data vazia que muitos tiram para descansar, ver um filme, ou se reunir com os amigos, isto, talvez, porque sempre fomos dependentes de alguma coisa ou alguém. Na escola pouco se fala de forma crítica sobre nossa história e nossas possibilidades, não temos a cultura patriótica e o orgulho nacional expresso  no cotidiano,  nos EUA, por exemplo, é bem mais visível este sentimento, desde as fachadas das casas aos filmes sempre com aquela bandeira aparecendo em algum momento,  e se formos falar de bandeira, quando a nossa aparece mesmo? são raros os momentos ... Enchemos a boca pra dizer... sou brasileiro com muito orgulho e muito amor... mas a única vez que saímos com a blusa do Brasil é em jogos da seleção brasileira (especialmente na Copa do Mundo), ou campeonatos desportivos e se (ou quando) perdemos, "rasgamos" a bandeira... Isso se dá, não porque não amamos nosso país, mas porque não nos fora cultivado (seja pela família, escola ou mídia), um verdadeiro significado de nosso valor, de nossa construção histórica, social, de nossas lutas (ninguém fala mais sobre a ditadura) e de muitos heróis que diariamente travam batalhas homéricas pela sobrevivência... No contexto histórico, a aparente comemoração da independência está atrelada ao um Dom Pedro cheio de interesses, preocupado com as resistências da aristocracia rural e com sua manutenção no poder (algo que historiadores nos explicariam muito melhor), temos inclusive, pesquisadores que duvidam até mesmo da veracidade do grito do Ipiranga: "Independência ou Morte", retratado em um clássico quadro (positivista e ilusório) de Pedro Américo (1888), que deu o glamour para acena que talvez nunca tenha existido e que aprendemos na escola, pelo menos antigamente, como verdadeiro retrato do ocorrido.
2º. A Independência ou a Morte não foi uma alternativa, mas uma condição para legitimar uma dependência com direitos, ou seja, Dom Pedro não será mais Rei, mas continuará imperador, o poder local começa a ter condições de luta política e acertos partidários se inicia, a dependência imediata se transforma em acordos políticos internacionais, as pessoas (cidadãos) começam a ter direitos, antes negados, mas também deveres, o pacto social é constituído, regulamenta-se a contribuição fiscal, as taxas, os juros, e tudo mais que pagamos para a manutenção do Estado, agora como representação do povo. Não trato aqui que seria melhor ou pior a independência (ela foi uma conseqüência de fatos de uma colonização saturada – a meu ver), refiro-me essencialmente às condições materiais, históricas e dialéticas que fazem dos acontecimentos não uma coisa unilateral, pelo amor aos brasileiros e aos direitos do cidadão, mas que nada foi por acaso, e neste processo encontramos o embrião histórico do poder da burguesia brasileira e da cultura política classista que se instalou e perpetuou, com diversas variações, na história do Brasil.
Colchete duplo: EM PROL DA VIDA
(Pe. Zezinho)

Diante de ti ponho a vida e ponho a morte
Mas tens que saber escolher
Se escolhes matar, também morrerás
Se deixas viver, também viverás
Então vive e deixa viver...

Não mais estes rios poluídos
Não mais este lixo nuclear
Não mais o veneno que se joga
No campo, nos rios e no ar
Não mais estas mortes sem sentido
Não poluirás e não matarás
A terra é pequena e limitada
Se a terra morrer, também morrerás...

Não mais a tortura nem a guerra
Não mais violência nem rancor
Não mais o veneno que se joga
Na mente do povo sofredor
Não mais este medo sem sentido
Não destruirás nem oprimirás
A vida é pequena, entrelaçada,
Se o homem morrer, também morrerás...É preciso cultivar o amor de ser brasileiro, nas escolas, na família, nas ruas... não pelas condições de nossa (in)dependência nacional, mas pelas possibilidades deste país tão grande e tão maravilhoso, onde cada região é um mundo, e cada mundo é conectado ao outro pelo amor a sua gente, a mistura tão heterogenia das culturas, das raças, dos sotaques, pelas dificuldades que nos fazem uno e pelo sonho de ter uma vida melhor.
Entretanto, ter uma vida melhor, livre com direitos, saúde, educação, melhores condições de vida e de trabalho (não com políticas assistencialistas,  focais etc.), com a valorização das pessoas está, para muitos, no plano das idéias (utopia), mas isto será possível quando lutarmos por uma nova sociedade, recomeçar o Brasil e o mundo em novas relações sociais, pois esta – capitalista - consumista e conformada, não nos dará condições de novas possibilidades, além destas limitadas/ilusórias que já temos. 
É hora de pensar/escolher... Independência ou Morte?