terça-feira, 6 de setembro de 2011

Independência ou Morte!




No dia 7 de setembro, comemora-se no Brasil o dia da Independência (Independence Day), lembro-me dos dias na infância que íamos alegres desfilar nas ruas da cidade comemorando a “independência”, levantando a bandeira e marchando, sem mesmo saber o que isso realmente significara.. Adorava ouvir a banda, e ver os soldados na rua..era muito emocionante. Hoje estas saudosas lembranças me fazem pensar na contradição da história, especialmente em dois aspectos: 
1º. Existe uma ilusão histórica sobre a independência, não generalizada, mas parece que o orgulho patriótico se resumiu a uma festa a fantasia e a alegria, especialmente das crianças, de desfilar na rua com os amigos da escola, ou um dos poucos momentos que observamos a força militar brasileira nas ruas.. Uma data vazia que muitos tiram para descansar, ver um filme, ou se reunir com os amigos, isto, talvez, porque sempre fomos dependentes de alguma coisa ou alguém. Na escola pouco se fala de forma crítica sobre nossa história e nossas possibilidades, não temos a cultura patriótica e o orgulho nacional expresso  no cotidiano,  nos EUA, por exemplo, é bem mais visível este sentimento, desde as fachadas das casas aos filmes sempre com aquela bandeira aparecendo em algum momento,  e se formos falar de bandeira, quando a nossa aparece mesmo? são raros os momentos ... Enchemos a boca pra dizer... sou brasileiro com muito orgulho e muito amor... mas a única vez que saímos com a blusa do Brasil é em jogos da seleção brasileira (especialmente na Copa do Mundo), ou campeonatos desportivos e se (ou quando) perdemos, "rasgamos" a bandeira... Isso se dá, não porque não amamos nosso país, mas porque não nos fora cultivado (seja pela família, escola ou mídia), um verdadeiro significado de nosso valor, de nossa construção histórica, social, de nossas lutas (ninguém fala mais sobre a ditadura) e de muitos heróis que diariamente travam batalhas homéricas pela sobrevivência... No contexto histórico, a aparente comemoração da independência está atrelada ao um Dom Pedro cheio de interesses, preocupado com as resistências da aristocracia rural e com sua manutenção no poder (algo que historiadores nos explicariam muito melhor), temos inclusive, pesquisadores que duvidam até mesmo da veracidade do grito do Ipiranga: "Independência ou Morte", retratado em um clássico quadro (positivista e ilusório) de Pedro Américo (1888), que deu o glamour para acena que talvez nunca tenha existido e que aprendemos na escola, pelo menos antigamente, como verdadeiro retrato do ocorrido.
2º. A Independência ou a Morte não foi uma alternativa, mas uma condição para legitimar uma dependência com direitos, ou seja, Dom Pedro não será mais Rei, mas continuará imperador, o poder local começa a ter condições de luta política e acertos partidários se inicia, a dependência imediata se transforma em acordos políticos internacionais, as pessoas (cidadãos) começam a ter direitos, antes negados, mas também deveres, o pacto social é constituído, regulamenta-se a contribuição fiscal, as taxas, os juros, e tudo mais que pagamos para a manutenção do Estado, agora como representação do povo. Não trato aqui que seria melhor ou pior a independência (ela foi uma conseqüência de fatos de uma colonização saturada – a meu ver), refiro-me essencialmente às condições materiais, históricas e dialéticas que fazem dos acontecimentos não uma coisa unilateral, pelo amor aos brasileiros e aos direitos do cidadão, mas que nada foi por acaso, e neste processo encontramos o embrião histórico do poder da burguesia brasileira e da cultura política classista que se instalou e perpetuou, com diversas variações, na história do Brasil.
Colchete duplo: EM PROL DA VIDA
(Pe. Zezinho)

Diante de ti ponho a vida e ponho a morte
Mas tens que saber escolher
Se escolhes matar, também morrerás
Se deixas viver, também viverás
Então vive e deixa viver...

Não mais estes rios poluídos
Não mais este lixo nuclear
Não mais o veneno que se joga
No campo, nos rios e no ar
Não mais estas mortes sem sentido
Não poluirás e não matarás
A terra é pequena e limitada
Se a terra morrer, também morrerás...

Não mais a tortura nem a guerra
Não mais violência nem rancor
Não mais o veneno que se joga
Na mente do povo sofredor
Não mais este medo sem sentido
Não destruirás nem oprimirás
A vida é pequena, entrelaçada,
Se o homem morrer, também morrerás...É preciso cultivar o amor de ser brasileiro, nas escolas, na família, nas ruas... não pelas condições de nossa (in)dependência nacional, mas pelas possibilidades deste país tão grande e tão maravilhoso, onde cada região é um mundo, e cada mundo é conectado ao outro pelo amor a sua gente, a mistura tão heterogenia das culturas, das raças, dos sotaques, pelas dificuldades que nos fazem uno e pelo sonho de ter uma vida melhor.
Entretanto, ter uma vida melhor, livre com direitos, saúde, educação, melhores condições de vida e de trabalho (não com políticas assistencialistas,  focais etc.), com a valorização das pessoas está, para muitos, no plano das idéias (utopia), mas isto será possível quando lutarmos por uma nova sociedade, recomeçar o Brasil e o mundo em novas relações sociais, pois esta – capitalista - consumista e conformada, não nos dará condições de novas possibilidades, além destas limitadas/ilusórias que já temos. 
É hora de pensar/escolher... Independência ou Morte?

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